IN-ÓCUO DE ANDRÉ FURTADO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL ROCHA PEIXOTO NA PÓVOA DE VARZIM
No dia 27 de janeiro de 2024, foi apresentado o livro de estreia do jovem poeta português André Furtado na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto na Póvoa de Varzim.
Esta apresentação foi pontuada por momentos de dança, música, improviso, poesia, cinema e de muitas outras surpresas.
In-ócuo é o título do livro do André. Inócuo significa algo "inocente" e "inofensivo". Numa poesia a beirar a oralidade, a fisicalidade, a sátira, a ironia e a espiritualidade, André reúne num só livro a arte de dizer o indizível, de traduzir o intraduzível, de materializar o irreal, o simbólico, o imagético.
O André é mestre na arte do caleidoscópio poético, aliando a poesia ao cinema, à música, à dança, ao design, ao despertar da consciência humana. Artista dos 7 ou 1001 ofícios, geminiano que é, neste livro, vem consumar a sua missão na arte poética, que é como quem diz: no ofício da sua missão de Ser Humano com letra maiúscula.
Ficam abaixo alguns registos desse dia tão especial em que tive a oportunidade de participar como apresentadora e declamadora, mas, sobretudo, como amiga e admiradora da vida e da obra do André. [Todas as fotografias são da autoria da fotógrafa Andreia Queirós]
Momento de poesia + meditação conduzido por Cristina Inari...
Declamação do poema "Corpo Altifalante"...
[Corpo altifalante]
Nós falamos
Porque andamos?
Ou andamos
Porque falamos?
Enquanto espécie
Somos membros
De um corpo altifalante
Ação-reação de tudo
O que é emoção, de facto
Sapatos de corda sem nó
Numa causa adventícia
Sabemos que a espera
É uma longa escada que chega
E nunca, nunca
Sequer chegamos a chegar.
O longe, que é longe,
Pratica-se ao perto.
Num deserto de calma
E de línguas que falam
Outras línguas
Sabemos ser quem somos
Até porque o que somos
Foi definido por o que falamos
E o que não falamos
Afinal, numa caixa de som
Quem tem mais peso?
Quem fala e não ouve,
Ou quem ouve e não fala?
A resposta é simples
Quem é mudo não se cala.