Fernando Naporano (Brasil)
Fernando Naporano é um autor brasileiro.
Jornalista, ensaísta e crítico de cinema & música, atuou também como
radialista, director artístico de gravadora e músico. Foi compositor, letrista
e vocalista da cultuada guitar-band Maria
Angélica Não Mora Mais Aqui com a qual gravou três álbuns.
Por mais de 25 anos escreveu para
destacadas revistas e jornais brasileiros (Folha De São Paulo, Correio
Brasilienze, Estado De São Paulo, Isto É, Interview, Bizz, etc) além de
diversas publicações musicais inglesas e americanas.
Escreve poesia desde a infância. Em 2014 com
“A Agonia Dos Pássaros” (selo Demônio Negro) ganhou o “Prêmio Quem” (votação de
internautas da revista Quem) de público como melhor livro do ano.
Em abril de 2017, lançou em Portugal,
pela Poética Edições, o livro “A Coerência Das Águas”, prefaciado pela ensaísta
e poetisa portuguesa Gisela Ramos Rosa.
Em julho do mesmo ano, o livro “Detestável
Liberdade”, editado pela espanhola Abstract Editions e em outubro,“A Respiração
Da Rosa”, pela Córrego Editora e prefaciado pelo tradutor, ensaísta, poeta e
escritor Claudio Willer.
“A Educação De Vera”, 2018, livro de temperamento
surrealista, foi escrito na altura de seus 19 anos e materializado pela Poética
Edições, Portugal. Conta com o prefácio da época escrito por Claudio Willer e
apresentação do músico e escritor português Vítor Rua. Pela Córrego Editora,
saiu também “Os Não Sabem Morrer”, com prefácios de Valéria Monteiro e ensaio
crítico de Claúdio Willer.
Ainda em finais de 2018, editou pela
editora Raphus Press, “Scarlet Sin”, seu primeiro livro em inglês com ensaios
introdutórios de Luiz Nazário, Claúdio Willer e Alcebiadez Diniz.
Em 2019, novamente pela Poética Edições,
foi a vez de “A Destruição Do Gelo” e finalmente em junho, chegamos a “Sem Mais
Ninguém A Dizer Adeus”, sua estréia na editora inglesa Carnaval Press.
Poemas abaixo: Do livro Sem Mais Ninguém A Dizer Adeus, Fernando Naporano, Carnaval Press, London, 2019
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Indistinta Fada De Água
Ao lado de fora do rosto, a revolta da luz
na cadência lírica do olhar, a perfeição de pé
no limiar dos cabelos famintos, o alpiste sem voo
Havia encontrado a fórmula secreta da miragem
forma-pássaro em molde de migrações;
que sejam, pois, insondáveis os próximos passos
e que jamais eu volte a conhecer o peso do nome.
Frente. À Fronte. De Uma Escultura De Ovídio.
A cerca supera a sede do salto
olfato escrito para ser esquecido
me livro da meta, seta em linha reta
jasmim-pedra, ternura da imóvel vela aberta
Spiritual Jazz Em Tarde Branca
Escandalosa cor impossível
arremata em xeque-mate
a dialética da linfa no céu do inferno
enfim dissoluto o arame invisível
O Rosto De Costas
Deixai-me Narciso nesta lagoa
com reflexos de anis gelatinosa.
Ciclo de Perseu,
ao jeito da casa irreal,
no ar
sem mais
- altura -
Raio De Gelo No Silêncio Do Céu
Uma faca entre os dentes da solidão
recolhimento instântaneo das Quatro Estações
o coração lava-se lentamente com terra
langorosas caem as folhas de Netuno
seixos em chamas abrem alas,
valas para a passagem do corpo;
a travessia da valsa de pinho
tende a ser uma paisagem hermética
com tanques de guerra a mirar o sangue;
o lugar da chegada mora no Nunca,
suja & surda, a solidão jamais escapa de si mesma.
Sem Mais Ninguém...
O abismo exausto em prestar contas com as perdas
os pianos de sombras a ceifar as ordens do destino
a pequenez dos sentidos em (es)carpas de miséria
o sorrateiro hino sem música das tumbas do sangue
a (ondul)ação do vazio com suas cítaras mudas
A
quem
mais
deveria
dar
adeus
?